
A noite é mais fria nos bancos da praça. O Professor lê, com dificuldades, as notícias de seu cobertor. Piveti, Boleba e Rudim ouvem atentamente o Professor. Aquelas manchetes são para eles uma história de ninar.
_ Enchente deixa cento e cinqüenta famílias desabrigadas; morre mais uma pessoa vítima do tráfico; acidente paralisa o centro da cidade. – Nas manchetes mais trágicas, Professor usa um tom de voz sombrio, mas os ouvintes não se impressionam, e adormecem embalados pelas notícias do ano passado.
O Professor faz pose de vidente e começa:
_ Horóscopo! – Os outros três levantam-se rapidamente – Hoje será um ótimo dia para o amor e para fazer novas amizades. Seja simpático e cordial.
Boleba deita-se novamente. Ele esperava que o Professor dissesse que tudo aquilo iria acabar. Que quando acordassem a vida teria dado uma reviravolta.
Por influência de Boleba, Rudim deitou-se também. Piveti não acompanhou os dois colegas, parecia não acreditar. Então, pediu que o Professor repetisse:
_ Hoje será um ótimo dia para o amor e para fazer novas amizades.Piveti tinha feito uma nova amizade naquele dia. Conheceu Dona Judite, que lhe deu o almoço. Piveti também conheceu o cupido, que lhe deu uma flechada certeira.
“Qual o nome dela? Como ela é?”- Perguntavam os outros. O Professor rolava de tanto rir. Piveti nem percebera a zombaria, seus olhos brilhavam, seu pensamento viajava. Não parava de pensar em Amanda, filha de Dona Judite, a criatura mais bela que Piveti já vira.
Piveti andava nas nuvens. Esqueceu da galera, dos roubos, da cola de sapateiro. Começou a olhar o mundo com outros olhos. Observava as pessoas que atravessavam a praça e sentia os medos e preocupações de cada uma.
Descobriu como o jardim da praça era lindo. Foi num canteiro da praça e colheu a rosa mais viva. Com muita pressa, Piveti dirigiu-se para a casa de Amanda. Parou no portão, avistou, através das grades, a janela aberta e não viu ninguém. Não teve coragem de chamar, então, sentou no meio-fio esperando que Amanda aparecesse.
Passaram-se horas, e o cinza foi tomando conta do céu. Quem trafegava naquela rua admirava-se com a imagem de um menino maltrapilho acariciando uma rosa.O céu desabou em águas e raios. Piveti, imóvel com a rosa na mão, desmanchava-se em lágrimas. Lágrimas que perdiam-se na imensidão das águas da chuva.
A rosa, aos poucos, perdia as pétalas. A cada pétala que caía, Piveti se martirizava apertando o caule e ferindo a mão.
Ao cair a última pétala, Piveti deixou escapar o caule, que se foi rua abaixo com a enxurrada. Neste momento Amanda chegou da janela e, com movimentos delicados, Piveti levantou a mão, vermelha de sangue, no formato de uma rosa.
_ Enchente deixa cento e cinqüenta famílias desabrigadas; morre mais uma pessoa vítima do tráfico; acidente paralisa o centro da cidade. – Nas manchetes mais trágicas, Professor usa um tom de voz sombrio, mas os ouvintes não se impressionam, e adormecem embalados pelas notícias do ano passado.
O Professor faz pose de vidente e começa:
_ Horóscopo! – Os outros três levantam-se rapidamente – Hoje será um ótimo dia para o amor e para fazer novas amizades. Seja simpático e cordial.
Boleba deita-se novamente. Ele esperava que o Professor dissesse que tudo aquilo iria acabar. Que quando acordassem a vida teria dado uma reviravolta.
Por influência de Boleba, Rudim deitou-se também. Piveti não acompanhou os dois colegas, parecia não acreditar. Então, pediu que o Professor repetisse:
_ Hoje será um ótimo dia para o amor e para fazer novas amizades.Piveti tinha feito uma nova amizade naquele dia. Conheceu Dona Judite, que lhe deu o almoço. Piveti também conheceu o cupido, que lhe deu uma flechada certeira.
“Qual o nome dela? Como ela é?”- Perguntavam os outros. O Professor rolava de tanto rir. Piveti nem percebera a zombaria, seus olhos brilhavam, seu pensamento viajava. Não parava de pensar em Amanda, filha de Dona Judite, a criatura mais bela que Piveti já vira.
Piveti andava nas nuvens. Esqueceu da galera, dos roubos, da cola de sapateiro. Começou a olhar o mundo com outros olhos. Observava as pessoas que atravessavam a praça e sentia os medos e preocupações de cada uma.
Descobriu como o jardim da praça era lindo. Foi num canteiro da praça e colheu a rosa mais viva. Com muita pressa, Piveti dirigiu-se para a casa de Amanda. Parou no portão, avistou, através das grades, a janela aberta e não viu ninguém. Não teve coragem de chamar, então, sentou no meio-fio esperando que Amanda aparecesse.
Passaram-se horas, e o cinza foi tomando conta do céu. Quem trafegava naquela rua admirava-se com a imagem de um menino maltrapilho acariciando uma rosa.O céu desabou em águas e raios. Piveti, imóvel com a rosa na mão, desmanchava-se em lágrimas. Lágrimas que perdiam-se na imensidão das águas da chuva.
A rosa, aos poucos, perdia as pétalas. A cada pétala que caía, Piveti se martirizava apertando o caule e ferindo a mão.
Ao cair a última pétala, Piveti deixou escapar o caule, que se foi rua abaixo com a enxurrada. Neste momento Amanda chegou da janela e, com movimentos delicados, Piveti levantou a mão, vermelha de sangue, no formato de uma rosa.
...e quantos rosas vermelhas se dão com sangue, com lágrimas, com luto de anos a preto ou com a solitária saudade encarnada!
ResponderExcluirA cada pétala que cai da rosa em que levamos ao ser amado, leva junto consigo a esperança de um amor correspondido... Bela crônica.
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