"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar" - Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Escolhas

Monumento à Dúvida - Buenos Aires/Argentina



Soltou os cabos.
Lançou-se nas águas.
Rota solitária bem definida.
Acelera então,
porque o tempo é carrasco.
Aperta. Sufoca.
Tudo dentro dos planos,
se não fosse uma serpente-corrente
desenrolando-se ruidosa.
A âncora ficara para trás.
O medo do naufrágio,
por não saber manobrar barco pesado,
implora que a abandone.
E o navegante padece
nos braços da dúvida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Inverno



Todos os dias enfrento um inverno em mim.

Banzo



Dizer que tem saudade não cansa.
De certo que sentir falta de alguém
cria um dolente banzeiro,
tão intenso que sentimos a nau vagar.
E, realmente, enjoa
àqueles que não sabem navegar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Flexibiliza


Queima a agenda,
cancela os compromissos,
rasga os planos,
Improvisa.
Tira os sapatos,
corre na chuva,
até encontrar um bica gostosa...
Quando enjoar, volta a correr.
Então começarás a levar a vida a sério.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pequenas Coisas

Não me ame.
Amar é muito grande.
Eu gosto de coisas pequenas.
Me faça um cafuné
e o mundo para de girar por cinco segundos.
Não me queira para sempre.
Nossa! É muito tempo.
Me queira agora
e o amanhã não chegará.
Não me peça frases apaixonadas.
Soa forçado.
Me ouça ao entardecer
e o seu peito saberá interpretar.
Não me peça um compromisso.
Não me peça em namoro.
Não me peça em casamento.
Talvez eu aceite
e isso é uma coisa grande.
(Quebrar a rotina é uma tentação)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Poeminha da pequena eternidade


Admira-me você!
Surpreso ao saber que nunca deixei de amá-la.
Ninguém me avisou, amigo,
que o coração tem prazo de validade.

Penúltimo diálogo


O que fizeste de errado?!
Se em tudo foste tu mesma, creio que nada.
Por que acabou?!
Calçar os sapatos com os pés invertidos é um martírio
suportado apenas por aqueles que temem ficar descalços.

Vontade


Hoje acordei com vontade de escrever um poema de amor.
Levantei. Papel e caneta.
Vazio...
A vontade tinha passado.
Engraçado...
Antigamente isso durava mais tempo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Poesia não dá calafrio.
Muito menos lágrima, burburinho,
interrogação, comentário,
luz, interpretação...
Dá um imenso silêncio.
Daqueles de criança arteira quando surpreendida pela mãe.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cartinha de Natal

Pedi pequenez.
Nada mais que o suficiente para não pisar no essencial.
Ele revirou toda a fábrica.
Por fim, mandou-me uma bicicleta
e fez um adulto feliz.

Deserto

Afinal,
ter todo o mundo
tem o mesmo gosto de não ter ninguém.
Espremer-se numa rua de carnaval
é o mesmo que caminhar chutando areia no deserto.

Figura de Linguagem

 
Paradoxo:
Tens tu malícia até na hora de pedir para
lembrar-me de te esquecer.