"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar" - Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Poeminha da pequena eternidade


Admira-me você!
Surpreso ao saber que nunca deixei de amá-la.
Ninguém me avisou, amigo,
que o coração tem prazo de validade.

Penúltimo diálogo


O que fizeste de errado?!
Se em tudo foste tu mesma, creio que nada.
Por que acabou?!
Calçar os sapatos com os pés invertidos é um martírio
suportado apenas por aqueles que temem ficar descalços.

Vontade


Hoje acordei com vontade de escrever um poema de amor.
Levantei. Papel e caneta.
Vazio...
A vontade tinha passado.
Engraçado...
Antigamente isso durava mais tempo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Poesia não dá calafrio.
Muito menos lágrima, burburinho,
interrogação, comentário,
luz, interpretação...
Dá um imenso silêncio.
Daqueles de criança arteira quando surpreendida pela mãe.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cartinha de Natal

Pedi pequenez.
Nada mais que o suficiente para não pisar no essencial.
Ele revirou toda a fábrica.
Por fim, mandou-me uma bicicleta
e fez um adulto feliz.

Deserto

Afinal,
ter todo o mundo
tem o mesmo gosto de não ter ninguém.
Espremer-se numa rua de carnaval
é o mesmo que caminhar chutando areia no deserto.

Figura de Linguagem

 
Paradoxo:
Tens tu malícia até na hora de pedir para
lembrar-me de te esquecer.